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Arquitetos: naav studio
- Área: 325 m²
- Ano: 2025
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Fotografias:Vivek Eadara

Contrastes Controlados: Café em Film Nagar equilibra geometria bruta com precisão cromática – Em uma cidade saturada por projetos excessivamente decorados e repletos de referências temáticas, este café de 325 metros quadrados em Film Nagar, Hyderabad, se destaca por uma linguagem mais contida e intelectual — baseada na ideia de contrastes controlados. Cada elemento do espaço explora a tensão entre o bruto e o refinado, o opaco e o vibrante, o pesado e o leve, resultando em uma arquitetura que parece ao mesmo tempo intencional e instintiva.



A paleta parte da contenção: o piso de concreto ancora o ambiente com uma honestidade material direta, interrompida apenas por um embutido de aço inox que conduz discretamente o olhar ao longo do espaço aberto. Essa linha fina e reflexiva atua como uma sutil ferramenta de orientação, cortando a superfície fosca como um traço de movimento. No teto, um forro em caixotões — formado por uma grade rítmica de reentrâncias — introduz uma ordem tectônica que equilibra a informalidade do ambiente. Suas geometrias não emitem luz, mas a moldam, projetando um brilho suave e uniforme que confere ao espaço uma atmosfera contida e disciplinada.


Logo na entrada, um balcão azul vibrante se impõe como massa central — seu volume escultural é marcante, quase monolítico. É nesse ponto que a linguagem cromática do projeto se revela com clareza: atrás do balcão, um painel de menu em vermelho intenso se posiciona como um contraponto deliberado. Juntos, azul e vermelho compõem um díptico espacial — ousado, mas equilibrado; primário, mas longe de simplista. Essa combinação estabelece o princípio cromático do café: a cor não é adorno, mas estrutura.




Em frente ao balcão, uma plataforma elevada feita de tijolos de vidro introduz um gesto oposto — leve, translúcido e pixelado. A grade dos tijolos ecoa o desenho do teto, criando um diálogo sutil entre o eixo horizontal e o vertical, entre massa e leveza. Ao fundo, uma parede sombreada apresenta uma textura que transita gradualmente do escuro ao claro, como se tivesse sido lavada pelo tempo ou pelo clima — um gesto atmosférico que suaviza a geometria sem neutralizá-la.

O restante do café se revela como um campo cuidadosamente composto de intervenções cromáticas. Os assentos surgem em tons intensos e bem definidos — azul profundo, carmim, amarelo-cítrico — cada um isolado dentro do espaço aberto, como personagens em uma mise-en-scène contida. Não se trata de buscar coesão visual, mas de inserções precisas em um pano de fundo neutro, onde a cor é usada para enquadrar encontros e modular a atmosfera.









